segunda-feira, 15 de dezembro de 2008




Classificação taxonómica 1


Domínio: Bacteria


Filo: Proteobacteria


Classe: Gamaproteobacteria


Ordem: Enterobacteriales


Família: Enterobacteriaceae


Género: Shigella







Espécies 1


Dentro do género Shigella, estão descritas quatro espécies: Shigella boydii; Shigella dysenteriae; Shigella flexneri e Shigella sonnei.
















S. flexneri



Caracterização 6-15


Shigella spp

Anteriormente denominada de Shiga bacillus, S.dysenteriae foi a primeira bactéria do género Shigella a ser isolada e caracterizada pelo microbiologista japonês Kiyoshi Shiga (1898), que pretendia descobrir a causa epidemiológica de disenteria.


Shigella foi oficialmente reconhecida com género na década de 1950.


Shigella são bacilos Gram-negativo, que pertencem à família das enterobactérias, produzem colónias cor-de-rosa no agar XLD (Xylose lysine deoxycholate) e colónias incolores no agar DCA (Deoxycholate Citrate), são espécies anaeróbias facultativas, não têm mobilidade, são oxidase negativa, urease negativa. As espécies Shigella são altamente infecciosas, necessitando apenas de 10 a 100 organismos para causar uma infecção.

Este género é semelhante à Escherichia Coli, embora se distinga desta, serológica, patogénica e fisiologicamente (não fermenta a glicose, não descarboxila a lisina e é imóvel).



Caracterização geral da espécie Shigella

Coloração de Gram

Gram-negativo
Forma

Bacilo
Mobilidade

Imóveis
Esporos

Não formadora de esporos
Colónias

Agar XLD – colónias vermelhas com 1-2 mm de diâmetro
DCA – colónias incolores (S. sonnei pode produzir colónias rosa pálido devido á fermentação tardia da lactose
Reservatório

Homem e primatas superiores
Citocromo oxidase

Negativo (10-20 seg.)
Catalase

Positivo
Fermentação da glicose

Positivo
Fermentação da lactose

Negativo
Fermentação da sacarose

Negativo
Fermentação do manitol

Resultados variáveis dentro do género
Produção de gás

Resultados variáveis dentro do género
Urease

Negativo
Libertação de H2S

Positivo
Indol

Resultados variáveis dentro do género
Patogenicidade

Enteropatogénico
Diagnóstico diferencial

Serotipagem
Métodos moléculares

Crescimento 5,6


O género Shigella cresce no mínimo a 6-7ºC e no máximo de 45-47ºC. Sobrevive melhor em baixas temperaturas (temperaturas abaixo de 0º e temperatura de refrigeração), embora possa sobreviver a temperaturas de 63ºC durante 2 a 3 minutos. Sobrevive na manteiga mais de 100 dias (4ºC-20ºC), no solo e queijo durante aproximadamente 50 dias.


Em relação à actividade da água, a concentração máxima de NaCl é 5,2%. Sobrevivem melhor em alimentos pouco húmidos.


pH


Mínimo
4,8 – 5,0 (em concentrações de NaCl entre 3,8 e 5,2%)


5,5 na presença de 300 – 700 mg/l de NaNO2

Máximo
9,3 na presença de 5,2% de NaCl


Atmosfera


A Shigella é capaz de crescer na ausência de oxigénio, sendo por isso, anaeróbio facultativo.


O género é subdividido em 4 serogrupos com múltiplos serótipos:

A - (S. dysenteriae, 12 1 ou 15 2 serótipos)*
B - (S. flexneri, 6 serótipos)
C - (S. boydii, 18 1 ou 20 2 serótipos)*
D - (S. sonnei, 1 serótipo)


* Os dados variam consoante a bibliografia consultada:
1. www.gsbs.utmb.edu/microbook/ch022.htm
2. www.hpa-standardmethods.org.uk/douments/bsopid/pdf/bsopid.pdf


Shigella boydii




Shigella boydii é uma bactéria do género Shigella, catalase positiva, fermenta manitol, ornithine positiva. S.boydii 13 e 14 fermentam açúcares com produção de gás.

Shigella dysenteriae

Shigella dysenteriae é uma bactéria género Shigella, em culturas jovens pode apresentar a forma de cocobacilo, está normalmente presente no tracto gastrointestinal humano, fermenta açúcares com a produção de gás, não fermenta manitol, são ONPG positivas e é produtora da toxina shiga.




Shigella flexneri



S. Flexneri apresenta seis serótipos subdivididos em sub-serótipos. S. Flexneri 6 é a única espécie do género Shigella que não fermenta açúcares, não produzindo gás. S. Flexneri é oxidase negativa, catalase positiva, fermenta o manitol e é urease negativa.



Shigella sonnei

S. sonnei é a única espécie que possui apenas um serótipo , com duas variantes. É mais resistente que a S. Flexneri e é ONPG positiva. S. sonnei é oxidase negativa, catalase positiva, fermenta o manitol e é urease negativa.












Identificação das espécies de Shigella



As espécies podem ser identificadas através de testes bioquímicos e serológicos dos seus lipopolissacarídeos.



Patogenicidade 2,3,4,5

As espécies de Shigella são responsáveis por doenças globalmente denominadas Shigelose, ou desinteria bacteriana. Referem-se a doenças infecciosas que resultam numa infecção aguda ao nível do tracto gastrointestinal. São transmitidas, mais comummente, por via orofecal através de indivíduos já infectados, embora possam ainda ser transmitidas pelo contacto entre o indivíduo e alimentos ou água contaminada. Shigelose surge frequentemente em crianças ou em indivíduos imunossuprimidos, cujo sistema imunitário não se encontra totalmente funcional, incapaz de responder correctamente à acção de determinados microrganismos. Enquanto bactéria patogénica, a Shigella tem um período de incubação variável entre 12 a 50 horas, tempo necessário para que consiga crescer no hospedeiro.

A infecção de células epiteliais do intestino grosso por Shigella induz uma resposta inflamatória, tal como lise celular, resultando em ulcerações superficiais. A patogenecidade da Shigella pode ainda estar associada ao LPS e à produção de exotoxinas. A S. dysenteriae é altamente invasiva pois produz Shiga-toxina; esta inibe a síntese proteica celular, induz a necrose das células da mucosa, levando a uma deficiente reabsorção de água, hemorragias de vasos locais, microabcessos e exsudação. A infecção pode ser controlada através de medidas de higiene básica, como sejam o controlo sanitário da água e alimentos e também pela lavagem das mãos, pois uma pequena dose de bactéria pode ser efectiva na transmissão.

A Shigelose manifesta-se habitualmente por cólicas abdominais, assim como por elevadas quantidades de sangue e pus nas fezes, febre, e desidratação, sendo esta última provocada por diarreia, que sendo mediada por uma endotoxina, se assume como sinal inicial de infecção. Sinais e sintomas surgem apenas 1 a 3 dias após ingestão do bacilo, e se analisadas as fezes, verificam-se elevados níveis de neutrófilos, eritrócitos, assim como muco.
Trata-se de uma infecção auto-limitada, cujo tratamento consiste, habitualmente, na administração de antibióticos que visam diminuir o risco de disseminação secundária, isto é, entre indivíduos infectados e indivíduos sãos, como no seio familiar. Só em casos severos também os antibióticos aliados à rehidratação oral são recomendados.








Referências

  1. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/Taxonomy/Browser/wwwtax.cgi?id=620; consultado a 17-11-2008
  2. TORTORA; FUNKE; CASE; Microbiology: An Introduction; Pearson International Edition; 9th edition; San Francisco, 2007; pp. 324, 752, 753, 314, 315
  3. MURRAY R., Patrick; ROSENTHAL S., Ken; KOBAYASHI S., George; PFALLER, Michael A.; Microbiologia Médica, 3ª edição, Rio de Janeiro, 2000, pp. 199-200
  4. http://www.inspection.gc.ca/english/fssa/concen/cause/shige.shtml; consultado a 17-11-2008
  5. http://www.searo.who.int/EN/Section10/Section17/Section53/Section482_1796.htm; consultado a 22-11-2008
  6. http://emedicine.medscape.com/article/968773-overview; consultado a 27-11-2008
  7. http://pathport.vbi.vt.edu/pathinfo/pathogens/Shigella_2.html#ref2; consultado a 27-11-2008
  8. Smith, J.L. (1987) Shigella as a foodborne pathogen. Journal of Food Protection 50, 788-801.
    The International Commission on Microbiological Specifications for Foods (1996) Shigella. In Microorganisms
    in Foods 5 Microbiological Specifications of Food Pathogens, pp 280-298. Blackie Academic
    and Professional, London.
  9. http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/ap_curso_capacitacao_sentinelas_e_lacen/identificacao_enterobacterias_tania_maria_ibelli.ppt; consultado a 10-12-2008
  10. http://www.hpa-standardmethods.org.uk/documents/bsopid/pdf/bsopid20.pdf; consultado a 22-11-2008
  11. http://www.nzfsa.govt.nz/science/data-sheets/shigella.pdf; consultado a 22-11-2008
  12. http://dsp-psd.pwgsc.gc.ca/Collection/A104-16-2003E.pdf; consultado a 17-11-2008
  13. http://www.icmr.nic.in/annual/niced/2003-04/06-50-54.pdf; consultado a 22-11-2008
  14. http://www.hpa-standardmethods.org.uk/documents/bsopid/pdf/bsopid20.pdf; consultado a 22-11-2008


    Elementos do grupo

    João Pedro Franco
    Nádia Garcia
    Teresa Vieira
    Verónica Tavares
    Vítor Soares; Turma 4