Classificação taxonómica 1
Domínio: Bacteria
Filo: Proteobacteria
Classe: Gamaproteobacteria
Ordem: Enterobacteriales
Família: Enterobacteriaceae
Género: Shigella
Espécies 1
Dentro do género Shigella, estão descritas quatro espécies: Shigella boydii; Shigella dysenteriae; Shigella flexneri e Shigella sonnei.
S. flexneri
Caracterização 6-15
Shigella spp
Anteriormente denominada de Shiga bacillus, S.dysenteriae foi a primeira bactéria do género Shigella a ser isolada e caracterizada pelo microbiologista japonês Kiyoshi Shiga (1898), que pretendia descobrir a causa epidemiológica de disenteria.
Shigella foi oficialmente reconhecida com género na década de 1950.
Shigella são bacilos Gram-negativo, que pertencem à família das enterobactérias, produzem colónias cor-de-rosa no agar XLD (Xylose lysine deoxycholate) e colónias incolores no agar DCA (Deoxycholate Citrate), são espécies anaeróbias facultativas, não têm mobilidade, são oxidase negativa, urease negativa. As espécies Shigella são altamente infecciosas, necessitando apenas de 10 a 100 organismos para causar uma infecção.
Este género é semelhante à Escherichia Coli, embora se distinga desta, serológica, patogénica e fisiologicamente (não fermenta a glicose, não descarboxila a lisina e é imóvel).
Caracterização geral da espécie Shigella
Coloração de Gram
Gram-negativo
Forma
Bacilo
Mobilidade
Imóveis
Esporos
Não formadora de esporos
Colónias
Agar XLD – colónias vermelhas com 1-2 mm de diâmetro
DCA – colónias incolores (S. sonnei pode produzir colónias rosa pálido devido á fermentação tardia da lactose
Reservatório
Homem e primatas superiores
Citocromo oxidase
Negativo (10-20 seg.)
Catalase
Positivo
Fermentação da glicose
Positivo
Fermentação da lactose
Negativo
Fermentação da sacarose
Negativo
Fermentação do manitol
Resultados variáveis dentro do género
Produção de gás
Resultados variáveis dentro do género
Urease
Negativo
Libertação de H2S
Positivo
Indol
Resultados variáveis dentro do género
Patogenicidade
Enteropatogénico
Diagnóstico diferencial
Serotipagem
Métodos moléculares
Crescimento 5,6
O género Shigella cresce no mínimo a 6-7ºC e no máximo de 45-47ºC. Sobrevive melhor em baixas temperaturas (temperaturas abaixo de 0º e temperatura de refrigeração), embora possa sobreviver a temperaturas de 63ºC durante 2 a 3 minutos. Sobrevive na manteiga mais de 100 dias (4ºC-20ºC), no solo e queijo durante aproximadamente 50 dias.
Em relação à actividade da água, a concentração máxima de NaCl é 5,2%. Sobrevivem melhor em alimentos pouco húmidos.
pH
Mínimo
4,8 – 5,0 (em concentrações de NaCl entre 3,8 e 5,2%)
5,5 na presença de 300 – 700 mg/l de NaNO2
Máximo
9,3 na presença de 5,2% de NaCl
Atmosfera
A Shigella é capaz de crescer na ausência de oxigénio, sendo por isso, anaeróbio facultativo.
O género é subdividido em 4 serogrupos com múltiplos serótipos:
A - (S. dysenteriae, 12 1 ou 15 2 serótipos)*
B - (S. flexneri, 6 serótipos)
C - (S. boydii, 18 1 ou 20 2 serótipos)*
D - (S. sonnei, 1 serótipo)
* Os dados variam consoante a bibliografia consultada:
1. www.gsbs.utmb.edu/microbook/ch022.htm
2. www.hpa-standardmethods.org.uk/douments/bsopid/pdf/bsopid.pdf
Shigella boydii
Shigella boydii é uma bactéria do género Shigella, catalase positiva, fermenta manitol, ornithine positiva. S.boydii 13 e 14 fermentam açúcares com produção de gás.
Shigella dysenteriae
Shigella dysenteriae é uma bactéria género Shigella, em culturas jovens pode apresentar a forma de cocobacilo, está normalmente presente no tracto gastrointestinal humano, fermenta açúcares com a produção de gás, não fermenta manitol, são ONPG positivas e é produtora da toxina shiga.
Shigella flexneri
S. Flexneri apresenta seis serótipos subdivididos em sub-serótipos. S. Flexneri 6 é a única espécie do género Shigella que não fermenta açúcares, não produzindo gás. S. Flexneri é oxidase negativa, catalase positiva, fermenta o manitol e é urease negativa.
Shigella sonnei
S. sonnei é a única espécie que possui apenas um serótipo , com duas variantes. É mais resistente que a S. Flexneri e é ONPG positiva. S. sonnei é oxidase negativa, catalase positiva, fermenta o manitol e é urease negativa.
Identificação das espécies de Shigella
As espécies podem ser identificadas através de testes bioquímicos e serológicos dos seus lipopolissacarídeos.
Patogenicidade 2,3,4,5
As espécies de Shigella são responsáveis por doenças globalmente denominadas Shigelose, ou desinteria bacteriana. Referem-se a doenças infecciosas que resultam numa infecção aguda ao nível do tracto gastrointestinal. São transmitidas, mais comummente, por via orofecal através de indivíduos já infectados, embora possam ainda ser transmitidas pelo contacto entre o indivíduo e alimentos ou água contaminada. Shigelose surge frequentemente em crianças ou em indivíduos imunossuprimidos, cujo sistema imunitário não se encontra totalmente funcional, incapaz de responder correctamente à acção de determinados microrganismos. Enquanto bactéria patogénica, a Shigella tem um período de incubação variável entre 12 a 50 horas, tempo necessário para que consiga crescer no hospedeiro.
A infecção de células epiteliais do intestino grosso por Shigella induz uma resposta inflamatória, tal como lise celular, resultando em ulcerações superficiais. A patogenecidade da Shigella pode ainda estar associada ao LPS e à produção de exotoxinas. A S. dysenteriae é altamente invasiva pois produz Shiga-toxina; esta inibe a síntese proteica celular, induz a necrose das células da mucosa, levando a uma deficiente reabsorção de água, hemorragias de vasos locais, microabcessos e exsudação. A infecção pode ser controlada através de medidas de higiene básica, como sejam o controlo sanitário da água e alimentos e também pela lavagem das mãos, pois uma pequena dose de bactéria pode ser efectiva na transmissão.
A Shigelose manifesta-se habitualmente por cólicas abdominais, assim como por elevadas quantidades de sangue e pus nas fezes, febre, e desidratação, sendo esta última provocada por diarreia, que sendo mediada por uma endotoxina, se assume como sinal inicial de infecção. Sinais e sintomas surgem apenas 1 a 3 dias após ingestão do bacilo, e se analisadas as fezes, verificam-se elevados níveis de neutrófilos, eritrócitos, assim como muco.
Trata-se de uma infecção auto-limitada, cujo tratamento consiste, habitualmente, na administração de antibióticos que visam diminuir o risco de disseminação secundária, isto é, entre indivíduos infectados e indivíduos sãos, como no seio familiar. Só em casos severos também os antibióticos aliados à rehidratação oral são recomendados.
Referências
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- TORTORA; FUNKE; CASE; Microbiology: An Introduction; Pearson International Edition; 9th edition; San Francisco, 2007; pp. 324, 752, 753, 314, 315
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- http://www.inspection.gc.ca/english/fssa/concen/cause/shige.shtml; consultado a 17-11-2008
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- http://emedicine.medscape.com/article/968773-overview; consultado a 27-11-2008
- http://pathport.vbi.vt.edu/pathinfo/pathogens/Shigella_2.html#ref2; consultado a 27-11-2008
- Smith, J.L. (1987) Shigella as a foodborne pathogen. Journal of Food Protection 50, 788-801.
The International Commission on Microbiological Specifications for Foods (1996) Shigella. In Microorganisms
in Foods 5 Microbiological Specifications of Food Pathogens, pp 280-298. Blackie Academic
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- http://www.hpa-standardmethods.org.uk/documents/bsopid/pdf/bsopid20.pdf; consultado a 22-11-2008
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- http://dsp-psd.pwgsc.gc.ca/Collection/A104-16-2003E.pdf; consultado a 17-11-2008
- http://www.icmr.nic.in/annual/niced/2003-04/06-50-54.pdf; consultado a 22-11-2008
- http://www.hpa-standardmethods.org.uk/documents/bsopid/pdf/bsopid20.pdf; consultado a 22-11-2008
Elementos do grupo
João Pedro Franco
Nádia Garcia
Teresa Vieira
Verónica Tavares
Vítor Soares; Turma 4